Lições em Desastre

 

Lições Espirituais de Dois Desastres

Pr. Davi Merkh

(Texto de mensagem pregada logo após os eventos de 11 de setembro de 2001)

 

Domingo, dia 14 de abril, 1912.  Terça-feira, dia 11 de setembro, 2001.  Dois dias infames na história ocidental.  Dois desastres que chocaram o mundo--o naufrágios do  Titanic e a destruição das duas torres do World Trade Center (WTC).   Embora separados por quase 90 anos, têm muito em comum.  Ambos:

            *eram símbolos do auge da tecnologia e inovação humana

            *eram símbolos da invencibilidade e do poder

            *foram considerados impenetráveis (o Titanic que “nem Deus afunda”; as Torres, construídas para sustentar o impacto de um Jato 727)

            *eram os maiores de sua classe quando construídos

            *terminaram como cemitérios, de pessoas e de sonhos; no caso do Titanic, tirando a vida de 1513 pessoas, no WTC, mais de 5000.

A destruição das torres e o naufrágio do Titanic nos ensinam muitas lições que vão além da preocupação com a queda de ações, recessão mundial, ou até mesmo uma possível Terceira Guerra Mundial.  Confesso que fico decepcionado com alguns comentários de repórteres de uma mídia liberal, secular e tendenciosa, incapazes de encarar propósitos maiores das tragédias.  De fato, as lições das torres são as mesmas que aprendemos do Titanic, e outros desastres que ainda virão.

Gostaria de sugerir uma perspectiva eqüilibrada e bíblica sobre o que está acontecendo no mundo.  São 4 lições espirituais que podemos aprender quando desastres desabam nosso mundo.

1.    Num mundo em que vida é como vapor, viva hoje para o Senhor!

Tanto o Titanic como o WTC nos ensinam que a vida é breve e imprevisível.  Imagine as pessoas no Titanic, da alta sociedade, sem preocupação, prósperas, famosas-- jantando, dançando, curtindo a vida. De repente um iceberg gigantesco rasga a casca do navio e, dentro de horas, envia todos ao fundo do mar.

Imagine os alto-executivos, os turistas, os funcionários nas Torres—sentados em suas mesas, andando pelos corredores, cuidando dos negócios do mundo.  De repente um jato leva todos para a eternidade.

A história do rico louco em Lucas 12:13-21 nos lembra que todos que vivem para este mundo morrem com este mundo: “Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?  Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus!”  Marcos 8:36 acrescenta, “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder a sua alma?”

Se a vida é breve e imprevisível, devemos investir hoje naquilo que há de permanecer, que ninguém pode tirar de nós:  Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade! (Ecl 12:1), “remindo o tempo, porque os dias são maus (Ef 5:16).

Andamos preocupados com muitas coisas que perdem significado à luz da eternidade.  Por isso, devemos adotar como filosofia de vida “Viver hoje, para sempre!”

2.    Num mundo perturbado e inconstante,  eleve os olhos ao Santo Monte!

Quando o Titanic afundou-se no norte Atlântico, o mundo estava chegando ao precipício da Primeira Guerra Mundial.  Naquela “guerra para por fim a todas as guerras” o mundo descobriu como não há nada neste mundo certo, nada constante, nada  digno de confiança

Os atentados nos EUA ensinam a mesma lição.  Até então, talvez alguns americanos teriam  parafraseado Sl 121, “Elevo os meus olhos para o Pentágano, símbolo do poder invencível da maior potência militar que o mundo já viu; de onde me virá o socorro?”  “Elevo os meus olhos para as Torres, símbolo do poder materialista  da maior potência financeira do mundo; de onde me virá o socorro?”

Nosso mundo é inconstante e perturbado!  A única coisa que não muda é o fato de que tudo muda!  Nos últimos 20 anos temos presenciado mudanças tão aceleradas que tiram nosso fôlego!  A queda da Cortina de Ferro, a redistribuição geográfica e política global, golpes de estado, descobertas e inovações científicas, um mundo financeiro altamente instável.  Infelizmente, quanto mais o mundo vacila, quanto mais o homem está determinado a construir seu futuro sobre areia movediça!

Vamos elevar os nossos olhos, mas não para torres ou tecnologias mas, sim, para Aquele que é nossa única Esperança (Sl 121).  2 Crônicas 7:14 nos aconselha, “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, orar e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”  Palavras sábias destinadas a Israel, mas cujo princípio se aplica para nós—precisamos olhar para o Senhor!  Num mundo inconstante e inseguro, precisamos cultivar nosso relacionamento com Aquele que habita no seu Santo Monte.

3.    Num mundo que vai de mal a pior, apegue-se à Palavra do Senhor!

Dizem que as vendas de livros esotéricos e espirituais têm aumentado dramaticamente depois dos atentados em Nova Iorque.  Entre esses, livros sobre profecia em livrarias evangélicas estão se esgotando.  As pessoas têm um pressentimento de que vivemos nos últimos dias, dias que Paulo disse vão de mal a pior (2 Tm 3:1, 12; 13-17). 

Como viveremos se de fato estamos chegando ao fim?  A resposta do apóstolo não é cavar um porão e estocar água potável e comidas não-perecíveis, nem especular comprando ouro e pedras preciosas.  À luz do fim do mundo, Paulo nos chama a uma dedicação maior à Palavra do Senhor!  Nesse contexto, 2 Timóteo 4:2 diz  “Prega a Palavra!”  A Palavra é nossa vida, nossa bússola, nosso consolo num mundo que só piora.

Nos EUA está acontecendo um fenómeno interessante—muitos jovens antes apáticos, agora estão se inscrevendo no exército!  Um espírito patriota, uma febre nacionalista começa a ferver em suas veias.  .

Diante da guerra espiritual em que vivemos, é uma pena que não temos o mesmo amor pela pátria celestial!  A realidade dos “últimos dias” e os ataques cada vez mais ferozes contra a igreja devem despertar mais jovens para se arregimentarem no exército de Deus, apegados à principal arma no nosso arsenal, a Palavra eterna do nosso General.

4.  Num mundo que idolatra bens materiais, preocupe-se primeiro com missões mundiais!

É impressionante quantas pessoas têm virado sua atenção para o lado materialista dos atentados recentes, assim como fizeram depois da perda do Titanic.  Pessoas choram pelo fato de que o horizonte de Nova Iorque mudou,  bilhões de dólares se perderam, firmas poderosas desapereceram.  Mas nossa preocupação deve ser com o impacto de tudo isso no plano divino para ganhar o mundo para Jesus.  Nunca vamos ouvir essa perspectiva da Globo!  É tudo “bolsa de valores”, mercado mundial, recessão, falências de companhias aéreas e mais.

Devemos nos perguntar, Qual será o destino daquelas jovens americanas e alemãs presas em afeganistão ANTES dos atentados, por proselitismo de muçulmanos?  O que acontecerá com o grande esforço missionário para alcançar a famosa “Janela 10-40”—em grande parte, países muçulmanos?  Quantos missionários serão expulsos, seus trabalhos pioneiros acabados, se estourar uma guerra?  Quantos missionários não chegarão ao campo missionário se houver uma recessão mundial?

Infelizmente, poucos de nós avaliamos eventos contemporâneos à luz da perspectiva bíblica missionária. Mas Deus nos chama para amar ao mundo (as pessoas no mundo, Mt 28:18-20) sem amar ao mundo (as coisas que estão no mundo, 1 João 2:15-17).  Os dois desastres do Titanic e das Torres revelam como ficamos aquém do ideal bíblico.

Se tivesse que resumir a lição principal que o cristão deve tirar dos desastres que abalam nosso mundo, é o simples fato consolador de que

Num mundo em caos, que parece sem plano, Deus continua soberano!

Deus está muito acima de qualquer tragédia, e continua realizando seu plano no mundo.  Cabe a nós aprendermos as lições espirituais de eventos mundiais, e viver hoje para sempre.